Passagens de Finitude - Parte DOIS
Hoje morrerei! Foi o que eu disse quando
acordei pela manhã agora já estou morto, estou apenas morto, ainda não
significa que não sirvo para nada, nem que sou
nada.....................................................................
................................................. Agora sim, não sirvo para
nada, o primeiro verme acabou de romper minha carne, como se carne fosse apenas
uma barreira a romper no dia a dia, mas é pelo menos para os vermes, depois de
moscas já não sei o que acham disso tudo, provavelmente nada. Mas nem só vermes
rompem a barreira da carne, de vez em quando fazemos isso. "Será?"
"Acho que não." "Quem disse isso?" provavelmente fui eu.
Ah, agora estou me tornando nada, meu próprio (próprio?) pensamento a de vir
deixar e existir logo, de ser! Está se juntando ao da terra, ao do mundo, está
se tornando terra, mundo, preciso me apressar, mas parece que estou vivo já que
estou a pensar depois de morto. Não vejo nada, não sinto nada, não ouço nada,
mas esse nada bem parece ser tudo, ou pelo menos alguma coisa não sei e também
não há tempo para descobrir, aqui nem tempo há (acho) nem SIM, depois que morri
o SIM parece ter desaparecido tudo aqui sempre acaba em não, ou começa dele,
aqui não há mais chances e se houver elas acaba em não. Além do NÃO volta e
meia o PARECE aparece ou é NÃO ou é TALVEZ, o que não me adianta de muita coisa
entre uma verdade... Chega de baboseira deveria estar relatando alguma coisa
mais importante em uma experiência dessas, já que por alguma razão desconhecida
ainda consigo pensar depois de
mort................................................................................................................................ARGH!
Foi só um susto ainda não é agora preciso ser rápido, mas então o que há para
dizer então? "Certamente nada, pois já se está morto se houvesse alguma
coisa a dizer estaria vivo." - o pensamento de um padre acaba de passar
por mim. Se bem que nem era verdadeiramente dele, está em estado mais avançado
que o meu, já é quase completo mundo - irônico ver um padre se entregar ao
mundo - não sei se era realmente um padre, mas me pareceu, me lembro de padres.
Parece que realmente não há nada há se dizer ou lhe dizer ou a nos dizer ou a
querer dizer. Enfim é chegada a hora, é isso que é a morte, pensando bem à hora
chegara há um tempinho atrás, NÃO, não chegar a hora, ela nunca chega NÃO HÁ
HORA NEM DEPOIS.
Marcadores: Literatura, mini-contos, tentativa literária
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