Eles os britânicos, Nós os Brasileiros
Londres prometeu e cumpriu pelo menos no primeiro dia
oficial dos XXX Jogos Olímpicos Modernos, em 116 anos essa promete ser a maior
e melhor olimpíada, bom para os britânicos e mais desconfortante e desafiador para
nós brasileiros, ganhar a olimpíada seguinte à Londres não me parece muito
animador o desafio é ameaçadoramente maior que qualquer outro, mas depois de
2008 não há mais jeito Pequim também foi uma olimpíada gigante logo todas as
seguintes se assim quiserem permanecer na memória dos amantes de esporte quiçá
do mundo precisam arrebentar a boca do balão, pois Londres assim está fazendo.
Com uma cerimônia de abertura dirigida por Danny Boyle meio morna
vai-mas-não-vai nos temas que abordou, porém de um grau de entretenimento pouco
visto ultimamente nessa chamada sociedade do espetáculo, muitos fogos de
artifício e quando digo muitos são muitos mesmo centenas de toneladas, luzes
pra tudo quanto é canto muito música e a vibração do coração dos britânicos que
ganharam a melhor pausa de duas semanas em meio a uma das piores crises
econômicas que o mundo já viu, tá certo que eles não tão sofrendo tanto quanto
outros como Itália, Grécia ou Espanha, mas de um jeito ou de outro mesmo se for
só uma cutucada eles sofrem. Teve de tudo de Shakespeare à J.K. Rowlling lendo
um trecho de Peter Pan (para ver o nível de engajamento do povo ela raramente
aparece em público), propaganda do Sistema público de Saúde do reino, Voldemort
em forma de boneco de Olinda, uma espécie de narrativa sobre as juventudes
britânicas e suas músicas (sem uma folhinha de maconha, uma imagem de
compromidinho, assim não dá, né?) além de uma meio-fail exemplificação de como
tecnologia está atrelada à nossa vida, mas também não dava para ilustrar em um
teatrinho muito filosófico né? Foram APENAS 4 horas de cerimônia, a entrada das
delegações leva mais da metade do tempo, Sir Tim Berners Lee também deu as
caras por lá só as caras mesmo pra mostrar o quão útil ao mundo são os
britânicos, Judge e Paul McCartney, Arctic Monkeys, James Bond (Daniel Craig) e
Elisabeth II saltando de pára-quedas, jovens patriotas tocando tambor de lata
durante quatro horas (nem falo deles porque quero ser voluntário em 2014 e
2016) foi como deveria ser e ao quadrado já que foi feito por britânicos um
ótimo show de TV, emocionante e patriótico até mesmo em função inversa ao
mostrar a Revolução Industrial seus prós, o mundo como conhecemos hoje (tá
legal esse é meio pró e contra ao mesmo tempo) e seus contras, toda a desgraça
e sofrimento causados a uma grande parte da população (que também perdura até
hoje em alguns cantos remotos do mundo), foi mostrado também o movimento
feminista, pois bem foi uma cerimônia bem diferente das habituais por ser feita
por britânicos eles se escancaram parcialmente, mas de uma forma animadora dava
pra sentir todas as suas alegrias e angústias em relação ao que já passou e ao
que está por vir nas próximas décadas (pelo menos eu vi isso, com a ajuda de
alguns comentaristas durante a transmissão), mas mais importante que se abrir
ao mundo, os britânicos na abertura de Londres 2012 asseguram seu compromisso
consigo mesmo, o compromisso de dar um show incrível (falando das olimpíadas em
geral) não só ao mundo, mas principalmente a si mesmos e continuar dando após
os jogos como ficou claro no acendimento da pira olímpica que ninguém sabia
onde estava e rolou maior curiosidade nós últimos dias sobre quem a acenderia
todos achavam que seria algum atleta consagrado da casa, nada disso quem
acendeu foi à nova geração de atletas britânicos de 18 a 23 anos totalmente
desconhecidos, mas que serão o futuro não só do esporte, mas de toda aquela
sociedade, eles estão dispostos a trabalhar arduamente para garantir o futuro
de todos para que erros e Misérias do passado mesmo que se repitam possam ser
sanadas ou no mínimo aliviadas com mais facilidade no futuro, enfim 2012 é do
povo do humor mais negro do mundo que consegue caçoar de si mesmo nas horas
mais difíceis, e debaixo do céu cinzento, da neblina e atrás do sorriso amarelo
seguir em frente... Poesia
á parte precisamos ver como vai ser pós-2012 e voltando ao Brasil estamos em
pré-2016 faltam quatro anos DÁ TEMPO, mas não se trata de fazer jogos legais e
exuberantes ao público, trata-se também de começarmos a construir-nos de outra
maneira nesse país tão grande tão rico e ao mesmo tempo miserável, injusto e
insuportável como qualquer outro às vezes, mas o Brasil muito mais comparado a
outros, o que vai ser preciso para 2016 é uma identidade em que nos afirmemos
brasileiros, e orgulhosos disso apesar de tudo, enfrentar os problemas de
frente e sair dessa zona de conforto que tomou conta geral, exigir reforma
política, reforma do país inteiro (em alguns lugares ele vai precisar começar a
ser construído), compromisso dos políticos para conosco e nosso para com todos,
claro que, mesmo se todos firmassem esse compromisso agora, em quatro anos
seria impossível cumpri-lo, mas pelo menos uma reflexão de todos, dos grandes
principalmente sobre como o Brasil se encontra e como pode mudar seria um ótimo
começo poderia demorar dez, vinte anos, mas só de começar esse processo
seriamente seria muito bom. Marcadores: Croniquetas
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