segunda-feira, 30 de julho de 2012

Eles os britânicos, Nós os Brasileiros


Londres prometeu e cumpriu pelo menos no primeiro dia oficial dos XXX Jogos Olímpicos Modernos, em 116 anos essa promete ser a maior e melhor olimpíada, bom para os britânicos e mais desconfortante e desafiador para nós brasileiros, ganhar a olimpíada seguinte à Londres não me parece muito animador o desafio é ameaçadoramente maior que qualquer outro, mas depois de 2008 não há mais jeito Pequim também foi uma olimpíada gigante logo todas as seguintes se assim quiserem permanecer na memória dos amantes de esporte quiçá do mundo precisam arrebentar a boca do balão, pois Londres assim está fazendo. Com uma cerimônia de abertura dirigida por Danny Boyle meio morna vai-mas-não-vai nos temas que abordou, porém de um grau de entretenimento pouco visto ultimamente nessa chamada sociedade do espetáculo, muitos fogos de artifício e quando digo muitos são muitos mesmo centenas de toneladas, luzes pra tudo quanto é canto muito música e a vibração do coração dos britânicos que ganharam a melhor pausa de duas semanas em meio a uma das piores crises econômicas que o mundo já viu, tá certo que eles não tão sofrendo tanto quanto outros como Itália, Grécia ou Espanha, mas de um jeito ou de outro mesmo se for só uma cutucada eles sofrem. Teve de tudo de Shakespeare à J.K. Rowlling lendo um trecho de Peter Pan (para ver o nível de engajamento do povo ela raramente aparece em público), propaganda do Sistema público de Saúde do reino, Voldemort em forma de boneco de Olinda, uma espécie de narrativa sobre as juventudes britânicas e suas músicas (sem uma folhinha de maconha, uma imagem de compromidinho, assim não dá, né?) além de uma meio-fail exemplificação de como tecnologia está atrelada à nossa vida, mas também não dava para ilustrar em um teatrinho muito filosófico né? Foram APENAS 4 horas de cerimônia, a entrada das delegações leva mais da metade do tempo, Sir Tim Berners Lee também deu as caras por lá só as caras mesmo pra mostrar o quão útil ao mundo são os britânicos, Judge e Paul McCartney, Arctic Monkeys, James Bond (Daniel Craig) e Elisabeth II saltando de pára-quedas, jovens patriotas tocando tambor de lata durante quatro horas (nem falo deles porque quero ser voluntário em 2014 e 2016) foi como deveria ser e ao quadrado já que foi feito por britânicos um ótimo show de TV, emocionante e patriótico até mesmo em função inversa ao mostrar a Revolução Industrial seus prós, o mundo como conhecemos hoje (tá legal esse é meio pró e contra ao mesmo tempo) e seus contras, toda a desgraça e sofrimento causados a uma grande parte da população (que também perdura até hoje em alguns cantos remotos do mundo), foi mostrado também o movimento feminista, pois bem foi uma cerimônia bem diferente das habituais por ser feita por britânicos eles se escancaram parcialmente, mas de uma forma animadora dava pra sentir todas as suas alegrias e angústias em relação ao que já passou e ao que está por vir nas próximas décadas (pelo menos eu vi isso, com a ajuda de alguns comentaristas durante a transmissão), mas mais importante que se abrir ao mundo, os britânicos na abertura de Londres 2012 asseguram seu compromisso consigo mesmo, o compromisso de dar um show incrível (falando das olimpíadas em geral) não só ao mundo, mas principalmente a si mesmos e continuar dando após os jogos como ficou claro no acendimento da pira olímpica que ninguém sabia onde estava e rolou maior curiosidade nós últimos dias sobre quem a acenderia todos achavam que seria algum atleta consagrado da casa, nada disso quem acendeu foi à nova geração de atletas britânicos de 18 a 23 anos totalmente desconhecidos, mas que serão o futuro não só do esporte, mas de toda aquela sociedade, eles estão dispostos a trabalhar arduamente para garantir o futuro de todos para que erros e Misérias do passado mesmo que se repitam possam ser sanadas ou no mínimo aliviadas com mais facilidade no futuro, enfim 2012 é do povo do humor mais negro do mundo que consegue caçoar de si mesmo nas horas mais difíceis, e debaixo do céu cinzento, da neblina e atrás do sorriso amarelo seguir em frente... Poesia á parte precisamos ver como vai ser pós-2012 e voltando ao Brasil estamos em pré-2016 faltam quatro anos DÁ TEMPO, mas não se trata de fazer jogos legais e exuberantes ao público, trata-se também de começarmos a construir-nos de outra maneira nesse país tão grande tão rico e ao mesmo tempo miserável, injusto e insuportável como qualquer outro às vezes, mas o Brasil muito mais comparado a outros, o que vai ser preciso para 2016 é uma identidade em que nos afirmemos brasileiros, e orgulhosos disso apesar de tudo, enfrentar os problemas de frente e sair dessa zona de conforto que tomou conta geral, exigir reforma política, reforma do país inteiro (em alguns lugares ele vai precisar começar a ser construído), compromisso dos políticos para conosco e nosso para com todos, claro que, mesmo se todos firmassem esse compromisso agora, em quatro anos seria impossível cumpri-lo, mas pelo menos uma reflexão de todos, dos grandes principalmente sobre como o Brasil se encontra e como pode mudar seria um ótimo começo poderia demorar dez, vinte anos, mas só de começar esse processo seriamente seria muito bom.   

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